21 de mar. de 2012

Torcidas de Avaí e Figueira são as mais ricas do Brasil.

Subjetivamente falando acredito que não temos a maior torcida de Santa Catarina.
Baseado nos borderôs dos jogos, presumindo que estejam corretos ou que ao menos os clubes soneguem a mesma quantia proporcionalmente (nada provado, desconfiança popular), está provado que a torcida do Jec é a que mais comparece ao campo nos jogos. Pode-se dizer assim que é a mais fiel do estado.
Porém, pode ser mais. Para isso é necessário que o clube pare de chamá-lo apenas de torcedor e achar que é obrigação de todo morador da região de Joinville apoiar financeiramente o Joinville Esporte Clube.
São clientes, consumidores, exigentes com o rendimento em campo e com os produtos do clube. Estão dispostos a pagar o preço justo por um produto que tenha valor agregado perceptível.
Fora do gramado, o Jec hoje é gerido como uma campanha beneficente.

Recursos escassos e pouca gente para trabalhar é a realidade. Sendo assim é imprescindível conhecer seus torcedores clientes a fim de realizar esforços comerciais diretamente aos potenciais consumidores da marca Jec.
Esforços mais direcionados por região com maior concentração de consumidores e/ou regiões com maior poder de consumo.

Esta semana foi divulgada pesquisa pela Pluri Consultoria sobre o potencial de consumo das torcidas no Brasil.
Vale a pena a leitura do link:

http://www.pluriconsultoria.com.br/uploads/relatorios/Pluri%20Pesquisas%20-%20POTENCIAL%20DE%20CONSUMO%20-%20COMPLETA.pdf

Esta pesquisa é o exemplo do que o nosso clube deveria fazer, mais regionalmente.

Infelizmente nosso Jec não consta na lista das trinta maiores torcidas do país e tenho certeza de que todo jequeano ficará ensandecido ao ver o Avaí e Figueirense entre as maiores com uma soma de 900 mil torcedores e ainda no topo da lista com as torcidas de maior renda per capta do país.
Acalmem-se.

Entrei em contato com o autor da pesquisa, Fernando Pinto Ferreira, questionando estes números e o valor de uma pesquisa semelhante na região metropolitana de Joinville. A resposta foi cordial e esclarecedora. Segue abaixo a transcrição resumida dos emails.

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Existe uma descrença de nossa torcida para com pesquisas. Joinville é a mais rica, maior e mais populosa cidade de Santa Catarina e seu povo sofre de uma tendência em achar que tudo é contra a cidade.
Ao meu ver e embasado em outras pesquisas acredito que a torcida do Jec não é a maior do estado, mesmo sempre tendo a maior média de público no estado.
A pesquisa informou que Figueirense tem 400 mil torcedores e Avaí tem 500 mil. Este é um dado importante para meu clube, pois passamos 7 anos longe da série B do nacional, com participações na C e D, e os dois times de Florianópolis estão figurando na série A nos últimos anos. Esta pesquisa pode talvez mostrar o impacto que figurar na série A tem.
Porém, é difícil de acreditar nestes dados pois Florianópolis e sua região metropolitana têm 846407 habitantes no total e por Santa Catarina ser um estado muito diferente dos demais e ser muito bem distribuído. Quem não mora na capital não torce para Avaí ou Figueirense. Os habitantes do sul torcem para o Criciúma. No norte para o Joinville e times de Rio e São Paulo por se tratar da região com mais moradores nascidos em outros estados. Na região de Blumenau torcem para Rio e São Paulo e têm grande rivalidade com a capital. Nas regiões da serra, meio oeste e oeste torcem para Internacional ou Grêmio, senão para a Chapecoense.
Tendo dito isto, gostaria de saber se é possível que me informe detalhes de como foi realizada a pesquisa no estado de Santa Catarina. Quais as cidades, amostragem, perguntas realizadas, etc.
Gostaria ainda de saber qual o custo de se realizar uma pesquisa na região de Joinville a fim de conhecer o perfil de seu torcedor pelas regiões da cidade e das cidades metropolitanas.

Muito obrigado.

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RESPOSTA

Bom dia André
Obrigado pelo contato. Essa pesquisa foi feita por encomenda de um clube em parceria com a própria Pluri. Nós queríamos medir o potencial de consumo, e o clube queria identificar o perfil sócio econômico de seu torcedor. Em função disso, só podemos divulgar os dados que estão no relatório, pois os demais passaram a ser propriedade do próprio clube.
De fato, sempre que sai uma pesquisa como essa, surgem pertinentes argumentações como a sua, uma confrontação entre dados e percepções que muitas vezes fazem sentido. O grande problema de pesquisas nacionais é que elas são muito caras, e para se ter um alto grau de confiança e detalhamento do perfil sócio-econômico, seria preciso aumentar bastante a amostra, dos comumente utilizados 5 a 10 mil entrevistados, para algo como 100 mil. E de preferência tornar a pesquisa mais qualitativa e menos quantitativa.
A única maneira de aprofundar a questão (e os clubes agora estão acordando para esta realidade) é pesquisar profundamente o seu torcedor, não há outro caminho. Tenho frequentemente orientado os clientes a reduzir a área geográfica de pesquisa e ampliar a amostra e o questionário, isso gera uma incrível qualificação da informação. Assim como você, acredito que esse seria o caminho ideal para o Joinville, pesquisar profundamente o torcedor local em uma área geográfica reduzida, reduzindo o custo e melhorando o resultado. Uma pesquisa presencial para uma amostra bastante significativa em toda a região de Joinville custaria cerca de R$ 15 mil, com espaço para uma forte qualificação do grau de interesse e preferência dos torcedores do jec e seus rivais.
Estou à disposição.

Fernando Pinto Ferreira
Sócio-Diretor | Pluri Consultoria
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Uma pesquisa deste tipo elaborada de acordo com as necessidades do Jec se faz necessária. Se for bem utilizada pela diretoria, a torcida do Jec pode vir a ser muito mais fiel, com o diferencial de que se tratará de benefício para os dois lados e não uma simples ajuda do torcedor cego pela paixão.

E-mail do blogueiro: andrebudal@gmail.com

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5 comentários:

  1. Baita texto, Bocão. Quer dizer que uma pesquisa custa só 15 conto, e nós não a fazemos? Eu sinceramente acreditava que fosse muito mais caro.

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    1. Custo baixo e seria uma pesquisa para uma amostra bastante significativa de acordo o diretor da empresa de pesquisas. Ou seja, bastante consistência nos dados.
      No valor global não custaria apenas R$15 mil, pois para se utilizar dos dados seria preciso investimento em pessoal e esforço de vendas e marketing. Porém, seria um trabalho muito mais direcionado e que reduziria custos se comparado a trabalhar sem os dados de uma pesquisa desta. É bem provável que a redução nos custos fosse maior que o valor da pesquisa.

      Abraço.

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    2. De novo, um grande texto. Parabéns.

      Vou fazer um e-mail para o Fernando apontando novamente o absurdo dos números. Avaí e Figueirense simplesmente NÃO TÊM o número de torcedores alegado. É estatisticamente IMPOSSÍVEL. Todo mundo sabe que os dois times não têm torcedores fora da região onde estão instalados. A RM de Fpolis tem aproximadamente 1 milhão de habitantes (contando cidades distantes mais de 100km). Todas as pesquisas anteriores dão como algo entre 35% e 45% o número de torcedores dos dois na região. Esse número teria que ter dobrado em poucos anos. Seria um crescimento sem paralelo na história do futebol mundial. O São Paulo foi 6vezes campeão da Libertadores, 3 vezes campeão mundial de clubes e não teve esse crescimento!

      Com esse preço de pesquisa talvez algumas coisas possam ser explicadas. Pesquisas feitas na porta do Scarpelli e da Ressacada em dia de jogo não deveria contar, certo? hehehehe

      Mas metodologias para se fazer uma pesquisa bem feita e válida devem estar disponíveis na Internet. Como também uma consultoria de instituto de pesquisa, que não deve ser tão cara. E mão de obra para realizar as sondagens não deve ser a coisa mais difícil de se conseguir. Além do mais, algum professor universitário (graduação ou pós-graduação) em Joinville pode encampar a idéia e temos tudo para fazer um trabalho rigoroso e siginficativo.

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  2. Bom dia Bocão. Excelente texto, muito esclarecedor, principalmente as interpretações da pesquisa.

    Já havíamos comentado aqui sobre pesquisas, mas agora mais um dado concreto para tirarmos conclusões. Realmente o povo joinvilense tem essa síndrome de sempre estar sendo prejudicado, principalmente quando cabe comparação a capital. Acho que isso é idéia plantada por alguns políticos que por aqui passaram e sofriam de megalomanía.

    Você usou a expressão correta. Somos a torcida mais fiel, fato! Os números reais não nos deixam mentir e não são subjetivos, isso vem desde a Série C recente. O tamnho da torcida não se mede apenas pelo público no estádio, é um bom termômetro, é claro, mas não é o único. São considerados torcedores do JEC aqueles transeuntes que quando abordados repentinamente e questionados para qual time torcem dizem na lata: Joinville Esporte Clube. E neste critério acho que realmente estamos atrás da dupla da ilha continental. Isto certamente é fruto da figuração na Série A e da boa administração que passam. O Hawaii ainda conta com o fator Guga.

    Com o BMG dividindo nosso patrocínio com a turma do carvão e a Eletrobrás miando não sei se teremos capital para investir numa pesquisa dessas, quiçá em Marketing. Como comentei num post anterior o JEC deveria saber até o que seu torcedor come (tchêeee), mas conhecer alguns dados de seus sócios já seria o começo, e para isso não custa muito, um formulariozinho na Internet e alguns nas lojas já seriam o suficiente.

    Abraços.

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  3. Não chega a ser novidade a pesquisa que revela que a torcida dos times da capital são as mais ricas. Os dados do IBGE de 2010 já revelavam que Florianópolis é a capital que tem a maior renda per capita por família do País. E dentro de Santa Catarina também é o município com maior renda per capita. Joinville fica apenas em décimo quarto lugar. Aqui vão os links: http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3564364.xml&template=4187.dwt&edition=18381&section=2000 e http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/noticia/2011/11/censo-2010-florianopolis-registra-maior-renda-per-capita-entre-capitais-do-pais-3562985.html .

    E os números não me surpreende também. Florianópolis é alimentada pela máquina pública. O que alavanca a econimia do município é a massa de funcionários públicos com salários acima da média da iniciativa privada. É claro que o lazer e turismo também ajudam a economia, mas na baixa temporada - que é quase o ano inteiro - quem faz girar a economia é a população local, claro.

    Pois é, como se não bastassem nossso impostos servirem pra construir e modernizar 6 rodovias estaduais dentro de uma ilha (rodovia estadual que liga um município a ele mesmo?!). De servir para construir centenas de elevados a preços astronômicos. De servir pra construir uma futura ponte e manter uma caindo aos pedaços. De servir para dar um jeito na mobilidade urbana de uma cidade que deu um tiro no próprio pé, aceitando a especulação imobiliária ditar o zoneamento urbano de uma cidade empilhando gente e mais gente por metro quadrado. Se não bastassse tudo isso, ainda temos que ver nossos impostos remunerando uma porrada de torcedores de fiGAYra e Avaíbis, revertendo lucro para eles. PQP, em vez de #paulemfloripa, é #paulnocudacapital.

    Chegou a hora de colocarmos um fim nisso. Chegou a hora da Revolta da DERRAMA! VIVA LA REVOLUCION! Hahahahahaha.

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