17 de nov. de 2012

ANÁLISE DO BALANÇO FINANCEIRO 2011 DO JEC

Fiz uma análise detalhada do balanço patrimonial do Jec 2011 e aproveitei para comparar com o balanço 2010.
Utilizei o padrão da Pluri Consultoria, a qual analisou balanços dos maiores clubes do Brasil, a fim de possibilitar comparações.
A transparência é, no máximo, translúcida no Joinville Esporte Clube.
Só pude comparar os anos de 2011, 2010 e 2009 por que eu tinha guardado o balanço 2010 no meu computador.
Ainda que divulgado, o balanço é ruim. Não consta o parecer da auditoria independente e nem sequer as notas explicativas. Sem contar que existem erros que dificultam o entendimento.
Todo balanço deve ser divulgado em até 4 meses da data final do exercício, que normalmente ocorre em 31 de dezembro. Dessa maneira, deve-se divulgar até 30 de abril. Porém, o Jec apenas divulgou no site em maio de 2012.
O certo seria o Jec dispor em seu site os balanços dos anos anteriores, balanços trimestrais e até orçamento do ano seguinte. Os grandes e organizados clubes assim o fazem. Mas tudo isso para quê?
O balanço patrimonial de uma empresa serve para "medir" a quantidade de bens acumulada por ela. Ele é fundamental para mostrar como se encontra a saúde financeira da mesma.
Mas o principal motivo do balanço é dar transparência para que haja credibilidade entre os atuais investidores (os sócios e patrocinadores no caso do Jec) e para atrair novos através de ganho de confiança.

O Joinville é sustentado por seus sócios e logo depois pelos patrocinadores. É importante avançar na questão de transparência e divulgar dados mais refinados e qualitativos.


Acesse a análise do balanço clicando aqui.

Clique aqui para acessar o balanço 2010 do Jec.

Clique aqui para acessar o balanço 2011 do Jec.

Caso não consiga acessar algum arquivo, contate-me.

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30 de abr. de 2012

TABU - O assunto Arturzinho.

Após a recente eliminação no campeonato barriga verde, muito barulho está sendo feito por conta das decisões do atual treinador. Aí é que aparecem os que o defendem, os que criticam e os que clamam pelo Arturzinho. E parece que falar no técnico campeão da série C com o Jec em 2011 é tabu.

Eu sou viúva do Arturzinho, sim. Afinal, sou fã de quem dá resultados.

Mas sou convicto de que ele não volta tão cedo ou até nunca volte. E está bem assim. Em empresas é comum se pensar que não há como substituir um funcionário e muitas vezes este já não rende tão bem mas mantido por medo de não se encontrar ninguém à altura no mercado. Se a função for por demais especializada, aí sim é complicado. Mas em funções nas quais a mão de obra é abundante no mercado de trabalho não se deve temer.

Há muitos treinadores de futebol no Brasil? Sim, porém os bons cobram altos salários. Se colocarmos na realidade de nosso clube então é preciso ver que não temos acesso a bons treinadores.

Não é garantido que o time se sairia melhor com o Artur. A probabilidade seria maior, se... (Já comento esse "se").

Por que a probabilidade seria maior?

1 - Manutenção de bom trabalho já realizado.
2 - Conhecimento do grupo de trabalho e da empresa.

Essas duas razões são as principais e contam muito.

O mais complicado é que o Joinville Esporte Clube passou por muitos anos sem ter um bom técnico atuando na equipe, na verdade uma década. E quando estava com um profissional capacitado, adaptado ao clube e que trouxe resultados não o manteve.
Certo ou errado?
A minha resposta é: paciência.

Paciência, nem sempre se pode ter tudo na vida.

Sinceramente, acho (acho, pois é uma suposição baseada nos fatos que se tornaram públicos) que a diretoria nem fez contra proposta ao Artur por que não queria pagar nem o que já estava sendo pago. O time tinha muita premiação para pagar e, estando constantemente com déficits mensais, preferiu economizar no salário do treinador durante 4 meses o que pagaria (como pagou) os R$120 mil restantes da premiação na época.
Se foi isso que me parece, acredito ser o certo pois é melhor regredir um pouco do que atrasar salário (premiação). O clube perderia credibilidade que nos últimos anos vem recuperando.

Assim chego ao "se" citado acima. A probabilidade do time ir melhor nesse estadual com o técnico campeão do ano passado seria maior se não faltasse dinheiro.

Os salários poderiam estar em dia, mas a premiação estaria atrasada. Assim, o clima nos bastidores do clube estariam muito ruins, provavelmente a imprensa estaria envolvida e causando mais pressão e os resultados em campo poderiam não aparecer pelo desvio de foco.

Vejam bem, leitores, a decisão de manter alguém trabalhando em sua empresa é complicada por demais. Existem diversas variáveis que definem pela permanência ou não. Mas garanto que o mais difícil é achar alguém que dê resultados e por isso é que existem os chamados headhunters que "caçam" talentos no mercado. Agora, eles cobram e a empresa tem de pagar.


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26 de abr. de 2012

O que você fez, Márcio?

Márcio Vogelsanger deixará o cargo de presidente do Jec nos próximos 60 dias. Se o rio correr seu leito entrará Nereu Martinelli.

Como de costume, faço aqui um balanço do trabalho do "alemão".

Ele assumiu em 2008 e o clube tinha em sua estrutura física o CT, que havia recebido uma pequena melhoria mas era praticamente o mesmo desde 1995, um ônibus velho, o Jecão, e mais nada de grande valor (não recordo se aquele ônibus mais velho ainda estava no clube). No futebol o Jec estava fora do campeonato nacional. No financeiro, números apresentados na época mostravam que o clube tinha R$5 milhões em dívidas e faltava credibilidade. Na torcida, 2 mil sócios e 4 ou 5 mil de público nos jogos.

Hoje, após o trabalho realizado pela diretoria liderada por Márcio, o Joinville Esporte Clube está construindo sua sede administrativa e ampliando a estrutura para atletas profissionais e em formação no Centro de Treinamentos. Em qualquer clube ou empresa, obras físicas são importantíssimas pois ficam independente de troca de direção e dão condições de trabalho.
Ainda na estrutura física, um dos campos de futebol do CT teve a drenagem refeita e o gramado trocado por um de qualidade mais adequada ao futebol.
Ficou a promessa de que nos próximos meses um ônibus novo será entregue ao clube pelo patrocinador Criciúma Construções como parte do patrocínio na série C do ano passado.
E a estrutura física teve ainda no decorrer desta diretoria a construção de duas lojas do clube.
Se for mensurado em valores monetários, é possível dizer que a estrutura física do Jec mais que dobrou durante a gestão que finda neste ano.

No futebol, em 2008 já havia sido decretado pelos resultados esportivos que o Jec não participaria do brasileirão 2009 da recém criada série D. Esta diretoria conseguiu voltar a disputar o brasileiro em sua primeira oportunidade em 2009. Em 2010, conquistou uma vaga para a série C pelo tapetão, mas de forma correta. Em 2011 foi campeão da série C e, hoje, está na série B. Melhorou, e melhorou muito.

Os números apresentados em 2008 mostravam que a dívida do clube era de R$5 milhões. Estamos no fim de abril e ainda não foi apresentado no site oficial, que é o canal oficial de comunicação com os sócios, o balanço de 2011. No balanço de 2010 está demonstrado que o passivo do clube era de cerca R$2,4 milhões. Não é possível afirmar que melhorou se ainda não foi divulgado o resultado do último ano. Mesmo assim, os números apresentados carecem de coerência aparente, o que impede uma análise séria nesse momento. Segue um exemplo de por que digo isso: no balanço patrimonial de 2010 consta que a arrecadação de jogos foi de R$303 mil, mas foi um ano no qual hoveram partidas de muito público pagante pois o Jec foi para a final do estadual e subiu para série C. Normalmente a renda informada dos jogos com público médio na Arena gira em torno de R$100 mil. Não quero ser injusto, portanto preciso dizer que nunca perguntei diretamente ao diretor financeiro ou ao presidente Márcio sobre isso.
A credibilidade para com os fornecedores, credores, patrocinadores e funcionários parece, pois é subjetivo, ter melhorado.

No que tange a torcida, o Jec aumentou o número de seus associados em cerca de 400%. Que empresa aumenta o número de clientes em 400% em 3 anos e meio? O faturamento, no mínimo, aumentou em R$150 mil sem contar os aumentos de mensalidade e sem corrigir monetariamente. Contando com o aumento na mensalidade aumentou, no mínimo, R$252 mil. É mais pois não sei a quantidade de cada modalidade vendida de associações.
Em 2008 apareciam na maioria dos jogos os mesmos 4 ou 5 mil torcedores entre sócios e pagantes. Hoje os "mesmos de sempre" são cerca de 7,5 mil pessoas entre sócios e pagantes.


Pode-se dizer que é uma diretoria vencedora. Aumentou o faturamento do clube, o número de sócios, a credibilidade, o patrimônio e diminuiu as dívidas.
Pode-se também dizer que falta muito. O tratamento ao cliente é ruim, o estádio é novo e está caindo aos pedaços (mesmo não sendo do clube, este deveria zelar pelo bem estar de seus clientes), o marketing ainda é muito fraco ou quase inexistente e muitas outras questões ainda precisam melhorar.
A gestão de Márcio "Alemão" Vogelsanger foi positiva, muito positiva, e deixa um legado ao meu ver. O que poderia ter sido conquistado sem profissionalismo está aí. A partir de agora, depois de uma base bem assentada, nem o número de sócios, nem faturamento com bilheteria, marketing ou patrocínios irão aumentar se não se houverem profissionais destas áreas trabalhando no clube de maneira mais técnica a fim de fazer o clube atingir a posição que lhe é possível no mercado.

Não existe um planejamento estratégico divulgado aos sócios ou à mídia que mostre intenções neste sentido, mas parece que este é o caminho traçado. A contratação do gerente de marketing parece o primeiro passo profissional depois do trabalho duro.


PS: Aos que andaram reclamando comigo que demoro a escrever mais digo que o farei.

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PS II: Hoje dia 26/04/12, ao fim do dia, o Jec divulgou o balanço e DRE do exercício 2011. O clube aumentou seu faturamento com relação a 2010 em 50% (praticamente sem vender jogadores), o déficit continua em R$2 milhões e a renda com bilheteria dos jogos parece mais coerente. Sobre o resto analisarei numa próxima postagem. Segue o endereço do novo balanço e DRE:
http://jec.com.br/wp-content/uploads/2012/04/JOINVILLE-ESPORTE-CLUBE-Balan%C3%A7o-levantado-em-31-de-dezembro-2011-e-de-2010.pdf http://jec.com.br/wp-content/uploads/2012/04/JOINVILLE-ESPORTE-CLUBE-Balan%C3%A7o-levantado-em-31-de-dezembro-2011-e-de-2010.pdf


5 de abr. de 2012

Se ganhar do Avaí domingo, o Jec pode ganhar mais de R$ 3,9 milhões!

É improvável mas possível. Meu raciocínio mostra que a economia realizada no início do campeonato catarinense (não contratação de treinador) pode custar muito caro no longo prazo ao Jec.

Se o tricolor chegar ao vice campeonato estadual poderá participar da Copa do Brasil 2013 que distribuirá no mínimo R$ 15,7 milhões em premiações.

Abaixo segue um texto extraído do blog OCE que explica bem como funciona a premiação da Copa do Brasil deste ano.
"Como é natural, quem vai receber um dinheirinho mais apreciável será o campeão: somando os pagamentos pelas partidas fase a fase e mais o prêmio de 2,5 milhões pelo título, o campeão levará para casa o total de 4,2 milhões de reais. Traduzido em euros, a real moeda da bola, temos pouco mais de 1,8 milhão de euros. Nada mal.

Ao vice-campeão, caberá um ganho total de 3,2 milhões, já incluído o prêmio pelo vice – sim, vice-campeão tem prêmio, muito justo – no valor de 1,5 milhão.

Esses valores são validos para o caso de campeão e vice pertencerem ao Grupo A de clubes. Caso sejam do Grupo B, por exemplo, os valores caem, respectivamente, para 4,1 e 3,1 milhões de reais. Já um hipotético campeão e um vice do Grupo C receberão 3,94 e 2,94 milhões de reais.

Os clubes foram divididos em três grupos, de acordo com o ranking de clubes da CBF:

Grupo I – Atlético MG, Cruzeiro, Grêmio, Palmeiras e São Paulo (times que estão entre os dez primeiros do ranking);

Grupo II – Atlético GO, Bahia, Botafogo, Coritiba, Náutico, Ponte Preta, Portuguesa e Sport (outros times que estão na Série A do Brasileiro);

Grupo III – todos os outros 51 clubes de um total de 64.

A Copa do Brasil tem um total de seis fases: a primeira (32ª de finais), segunda (16ª de finais), oitavas, quartas, semifinal e final. O prêmio pela passagem da primeira para a segunda e da segunda para a oitavas é de:

Grupo I – R$ 250.000,00

Grupo II – R$ 220.000,00

Grupo III – R$ 120.000,00

A passagem das oitavas-de-final para as quartas-de-final dará R$ 300.000,00; a partir de agora não há mais diferenciação entre os valores, todos , independentemente do grupo de origem, ganharão o mesmo valor.

O avanço das quartas-de-final para a semi-final valerá R$ 400.000,00 e mais um prêmio de R$ 500.000,00 para cada um dos quatro semifinalistas.

A disputa da final, como dito no início, valerá 1,5 milhão ao vice e 2,5 milhões de reais ao campeão.

Para os grandes clubes não chega a ser nada espetacular, apenas um dinheirinho a mais, que pode ser muito pouco, dependendo das despesas de viagem, já que o auxílio da CBF para viagens não cobre todas as despesas:

- passagens rodoviárias ou aluguel de ônibus para até 40 pessoas, para distâncias até 500 km;

- passagens aéreas para até 23 pessoas, para distâncias superiores a 500 km;

- abono de R$ 5.000,00 para despesas com alimentação e hospedagem.

Um detalhe: na primeira e segunda fase é possível haver só o primeiro jogo, desde que o visitante vença por dois gols ou mais de diferença. Nesse caso, a renda líquida não vai toda para o mandante, como de praxe, sendo dividida na proporção de 60% para o vencedor (e visitante) e 40% para o dono da casa, derrotado. E sem dinheiro… Vida dura."


Em 2013 a Copa do Brasil contará com as participações dos clubes que disputarão a Libertadores do mesmo ano, o que hoje não acontece. Assim, a premiação deve aumentar. A Rede Globo já indicou que aumentará o valor pago pela transmissão da competição.

Se o Jec ganhar do Avaí no domingo estará classificado. Se passar às finais classifica à Copa do Brasil e pode ganhar premiações. Esse é o risco que se corre quando se investe no time.
Não estou a criticar a diretoria tricolor pois é nítido que tem dado total importância ao departamento de futebol e patrimônio para este. É a que melhor fez isto em muitos anos.
Gastar dinheiro que não se tem é errado. O presidente disse que esse foi o motivo para não contratar técnico no início do campeonato estadual, um início horrível que hoje nos atrapalha.
Torçamos, torçamos muito, pois as consequências de uma final estadual pode ser extraordinária. Não só pela premiação possível, mas também pelas bilheterias e exposição de imagem.

É importante que a gestão do futebol continue boa para que continuemos a correr estes bons riscos daqui para frente.

21 de mar. de 2012

Torcidas de Avaí e Figueira são as mais ricas do Brasil.

Subjetivamente falando acredito que não temos a maior torcida de Santa Catarina.
Baseado nos borderôs dos jogos, presumindo que estejam corretos ou que ao menos os clubes soneguem a mesma quantia proporcionalmente (nada provado, desconfiança popular), está provado que a torcida do Jec é a que mais comparece ao campo nos jogos. Pode-se dizer assim que é a mais fiel do estado.
Porém, pode ser mais. Para isso é necessário que o clube pare de chamá-lo apenas de torcedor e achar que é obrigação de todo morador da região de Joinville apoiar financeiramente o Joinville Esporte Clube.
São clientes, consumidores, exigentes com o rendimento em campo e com os produtos do clube. Estão dispostos a pagar o preço justo por um produto que tenha valor agregado perceptível.
Fora do gramado, o Jec hoje é gerido como uma campanha beneficente.

Recursos escassos e pouca gente para trabalhar é a realidade. Sendo assim é imprescindível conhecer seus torcedores clientes a fim de realizar esforços comerciais diretamente aos potenciais consumidores da marca Jec.
Esforços mais direcionados por região com maior concentração de consumidores e/ou regiões com maior poder de consumo.

Esta semana foi divulgada pesquisa pela Pluri Consultoria sobre o potencial de consumo das torcidas no Brasil.
Vale a pena a leitura do link:

http://www.pluriconsultoria.com.br/uploads/relatorios/Pluri%20Pesquisas%20-%20POTENCIAL%20DE%20CONSUMO%20-%20COMPLETA.pdf

Esta pesquisa é o exemplo do que o nosso clube deveria fazer, mais regionalmente.

Infelizmente nosso Jec não consta na lista das trinta maiores torcidas do país e tenho certeza de que todo jequeano ficará ensandecido ao ver o Avaí e Figueirense entre as maiores com uma soma de 900 mil torcedores e ainda no topo da lista com as torcidas de maior renda per capta do país.
Acalmem-se.

Entrei em contato com o autor da pesquisa, Fernando Pinto Ferreira, questionando estes números e o valor de uma pesquisa semelhante na região metropolitana de Joinville. A resposta foi cordial e esclarecedora. Segue abaixo a transcrição resumida dos emails.

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Existe uma descrença de nossa torcida para com pesquisas. Joinville é a mais rica, maior e mais populosa cidade de Santa Catarina e seu povo sofre de uma tendência em achar que tudo é contra a cidade.
Ao meu ver e embasado em outras pesquisas acredito que a torcida do Jec não é a maior do estado, mesmo sempre tendo a maior média de público no estado.
A pesquisa informou que Figueirense tem 400 mil torcedores e Avaí tem 500 mil. Este é um dado importante para meu clube, pois passamos 7 anos longe da série B do nacional, com participações na C e D, e os dois times de Florianópolis estão figurando na série A nos últimos anos. Esta pesquisa pode talvez mostrar o impacto que figurar na série A tem.
Porém, é difícil de acreditar nestes dados pois Florianópolis e sua região metropolitana têm 846407 habitantes no total e por Santa Catarina ser um estado muito diferente dos demais e ser muito bem distribuído. Quem não mora na capital não torce para Avaí ou Figueirense. Os habitantes do sul torcem para o Criciúma. No norte para o Joinville e times de Rio e São Paulo por se tratar da região com mais moradores nascidos em outros estados. Na região de Blumenau torcem para Rio e São Paulo e têm grande rivalidade com a capital. Nas regiões da serra, meio oeste e oeste torcem para Internacional ou Grêmio, senão para a Chapecoense.
Tendo dito isto, gostaria de saber se é possível que me informe detalhes de como foi realizada a pesquisa no estado de Santa Catarina. Quais as cidades, amostragem, perguntas realizadas, etc.
Gostaria ainda de saber qual o custo de se realizar uma pesquisa na região de Joinville a fim de conhecer o perfil de seu torcedor pelas regiões da cidade e das cidades metropolitanas.

Muito obrigado.

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RESPOSTA

Bom dia André
Obrigado pelo contato. Essa pesquisa foi feita por encomenda de um clube em parceria com a própria Pluri. Nós queríamos medir o potencial de consumo, e o clube queria identificar o perfil sócio econômico de seu torcedor. Em função disso, só podemos divulgar os dados que estão no relatório, pois os demais passaram a ser propriedade do próprio clube.
De fato, sempre que sai uma pesquisa como essa, surgem pertinentes argumentações como a sua, uma confrontação entre dados e percepções que muitas vezes fazem sentido. O grande problema de pesquisas nacionais é que elas são muito caras, e para se ter um alto grau de confiança e detalhamento do perfil sócio-econômico, seria preciso aumentar bastante a amostra, dos comumente utilizados 5 a 10 mil entrevistados, para algo como 100 mil. E de preferência tornar a pesquisa mais qualitativa e menos quantitativa.
A única maneira de aprofundar a questão (e os clubes agora estão acordando para esta realidade) é pesquisar profundamente o seu torcedor, não há outro caminho. Tenho frequentemente orientado os clientes a reduzir a área geográfica de pesquisa e ampliar a amostra e o questionário, isso gera uma incrível qualificação da informação. Assim como você, acredito que esse seria o caminho ideal para o Joinville, pesquisar profundamente o torcedor local em uma área geográfica reduzida, reduzindo o custo e melhorando o resultado. Uma pesquisa presencial para uma amostra bastante significativa em toda a região de Joinville custaria cerca de R$ 15 mil, com espaço para uma forte qualificação do grau de interesse e preferência dos torcedores do jec e seus rivais.
Estou à disposição.

Fernando Pinto Ferreira
Sócio-Diretor | Pluri Consultoria
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Uma pesquisa deste tipo elaborada de acordo com as necessidades do Jec se faz necessária. Se for bem utilizada pela diretoria, a torcida do Jec pode vir a ser muito mais fiel, com o diferencial de que se tratará de benefício para os dois lados e não uma simples ajuda do torcedor cego pela paixão.

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7 de mar. de 2012

Jec pode ter mais dinheiro em breve.

Existem três fontes de renda ordinária e de certa previsibilidade para um clube de futebol. Transmissão, comercial e estádio. Venda de jogador é renda extraordinária e imprevisível.

Nenhuma renda pode ser obtida sem um bom time disputando campeonatos importantes, seja de qual tipo for a renda. Portanto, ter um bom time disputando boas posições nos campeonatos, mesmo não sendo tudo, é o mais importante.

A renda de transmissão é paga por diferentes veículos de mídia para transmitir os jogos do clube. Neste quesito o Jec melhorou muito pois até o ano passado, desde 2005, só obteve renda de televisionamento pelo campeonato catarinense e neste ano receberá pelo brasileiro da B. Mas ganha apenas com uma mídia, a TV.

A renda proveniente do comercial é composta pelo licenciamento de produtos com a marca do clube e marketing (patrocínios, merchandising e por outras ações que se utilizem da imagem e representatividade do clube). O Jec tem produtos licenciados e patrocínios.

Estádio é uma fonte de renda formada pela venda de ingressos, sócios e receitas do estádio, que no caso do Jec inclui a Toca do Coelho, chopperia e museu que um dia poderão existir, bares, estacionamento, camarotes, ops... os três últimos vão para o bolso da prefeitura.

É consenso de que o ideal é de uma renda representar 34% das receitas totais e outras duas rendas 33%, com diferença de 1% entre um e outro no máximo.
O clube no mundo que mais se aproxima deste ideal é o Manchester United que teve 36% de sua renda em transmissão, 33% em estádio e 31% no comercial em 2011. Tarefa nada fácil.

Dos três tipos de renda a que apresenta maior liquidez, ou seja, que se transforma em dinheiro vivo mais rapidamente é o estádio, mais precisamente na bilheteria.
"Bilheteria é dinheiro vivo, dinheiro em caixa imediato. Joga hoje e paga as contas amanhã ou segunda-feira. Dinheiro que não tem custo extra, pois a manutenção do estádio e os salários dos jogadores têm que ser pagos, com pouca ou com muita gente vendo os jogos." Emerson Gonçalves.

Dessa maneira, o Jec pode ter mais dinheiro em breve caso invista em "seu" estádio. Melhorar o acesso, atendimento, segurança e conforto dentro da Arena é preciso para que a renda com bilheteria aumente.

É válido lembrar que o jequeano Adilson Elias informou que a parte de informática das catracas para sócios foi renovada e agora funciona perfeitamente. Pude conferir no jogo passado e aprovei. Este é um exemplo do que pode ser feito para atrair maior público aos jogos.

Os acessos da Arena são precários. As ruas no entorno são de responsabilidade da prefeitura, mas na Arena o Jec poderia chamar a responsabilidade e melhorar. Existem apenas duas rampas para entrada e, o pior, as mesmas duas para saída. As escadas são utilizadas sem critério, parecendo depender do humor dos responsáveis. O clube poderia melhorar o piso próximo às escadas e criar novos acessos de entrada e saída de público nas laterais e fundos do estádio da mesma maneira como fez para os não sócios que entram pelas rampas.

O atendimento tem de ser melhorado com pessoas dispostas a informar os clientes torcedores nas áreas comuns. Os banheiros precisam ser reformados e ter equipe de limpeza durante os jogos. Deve-se criar um ambiente de lazer familiar, e para isso um fraldário e outras coisas são necessárias.

A questão de segurança é primordial. É preciso erradicar a violência. A Arena é um estádio com poucos casos de violência, mas os que praticaram atos violentos como brigas continuam indo aos jogos. Deveriam ser denunciados pelo próprio clube para se fazer valer o estatuto do torcedor. Estes precisam ficar fora da Arena. Nenhum pai leva a família em local violento ou que transmita a ideia de violência. Por isso é muito importante o clube passar uma sensação de segurança na Arena.

O quesito conforto é muito relativo e aí acredito que é preciso respeitar a cultura de um povo. Para quem vai na cadeira numerada é imprescindível a cadeira e a cobertura, mas nem todos sentem essa necessidade de ficar sentado ou de não pegar chuva. Uns, como eu, fazem questão de ficar em pé durante todo o jogo. O grito de senta é cultural do povo Jequeano que fica nas laterais do campo, sendo o oposto de quem fica atrás das traves. Portanto, cadeira é conforto para uns como é desconforto para outros.
Sendo assim, acho péssima a ideia da prefeitura em colocar cadeiras em todo o estádio e acredito que pode afugentar muitos torcedores. Cadeiras devem ser colocadas onde há quem sente. Veja o exemplo do Borussia Dortmund o qual tem um estádio (Westfalenstadion) com capacidade para 80 mil torcedores mas tem uma imensa área sem cadeiras destinadas para 27 mil pessoas ficarem de pé:

http://espn.estadao.com.br/maurocezarpereira/post/243956_VIDEO+BORUSSIA+DORTMUND+INTEGRA+TIME+E+TORCIDA+O+MELHOR+DO+FUTEBOL

Lembre de que a Arena tem capacidade liberada para 17,5 mil clientes torcedores mas normalmente não enche metade disso, apenas em jogos finais. O custo é igual todo o mês.
Com a Arena confortável, segura e acessível o Jec pode ganhar dinheiro rápido.

Fica a dica:
"Bilheteria é dinheiro vivo, dinheiro em caixa imediato. Joga hoje e paga as contas amanhã ou segunda-feira. Dinheiro que não tem custo extra, pois a manutenção do estádio e os salários dos jogadores têm que ser pagos, com pouca ou com muita gente vendo os jogos." Emerson Gonçalves.


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2 de mar. de 2012

Os gols do Lima não valem nada.

Como os assuntos neste blog são discutidos através da ótica da gestão de negócio, tratarei do Lima como um produto à venda.
Para se vender algo é preciso ter um bom produto, custo acessível e demanda (clientes). Vender produto ruim, caro e ainda sem alguém que queira comprar é quase impossível.
A qualidade de um produto é definida de maneira subjetiva muitas vezes. No caso de um jogador de futebol é subjetividade pura.
O Lima é um bom produto para se vender?
1 - A maior parte da torcida do Jec gosta do Lima mesmo não sendo unanimidade. Então, há demanda.
2 - Os preços de produtos do clube relacionados ao jogador se encaixam dentro do poder de compra dos clientes.
3 - Os produtos do clube têm boa qualidade e relacionados ao Lima têm incremento de qualidade pelo que o jogador representa. Afinal, marcar quase 100 gols com a camisa de um mesmo time hoje em dia é difícil e incomum. Ser o segundo maior goleador do clube é muito, sendo que a quantidade de jogos que o Lima poderá jogar neste ano, 60 partidas, é praticamente a mesma que Nardela poderia jogar em 1987, 65 partidas, ou seja, não há vantagens para nem um e nem o outro. O fato de poder comparar os números do Lima com os do Nardela já é grande coisa.

O fato de ser o segundo maior goleador do clube já o torna um produto que o consumidor poderia comprar.

Mas, a demanda precisa ser estimulada. E quem deveria criar esse estímulo é o departamento de marketing do clube que não o fez até agora. Está perdendo uma chance que o clube só teve uma vez na história com Nardela.
O marketing do Jec já perdeu a chance de fazer uma contagem regressiva, talvez desde o 95º gol.
Existem várias maneiras de se lucrar com o evento. O jogador poderia entrar em campo com camisas com o número de gols feitos desde o 95º e criar expectativa.
100 camisas autografadas poderiam ser vendidas e talvez cada cliente teria o direito de tirar uma foto com o jogador. 100 bolas autografadas poderiam ser vendidas. A bola do centésimo gol poderia ser leiloada em evento na toca do coelho.

Sei que muitas ideias podem surgir, mas o marketing do Joinville Esporte Clube não colocou nenhuma em prática. Ainda.

Tomara que a ideia não seja colocar um camarada tocando violão e cantar o hino do clube e depois o Weber rasgar seda para o Lima enquanto ele ganha uma placa.

Nenhum gol do Lima terá valido algo se ele não receber a homenagem que merece e se o momento não for comercialmente bem explorado.

05/03/12 - PS: Ainda há tempo.

28 de fev. de 2012

O Jec pode ser o novo gualicho

Ontem, 27/02/12, foi divulgada pelo jornal Notícias do Dia e pelo blog Teoria dos Jogos, de forma mais detalhada, pesquisa sobre a preferência dos torcedores em Joinville realizada pela Paraná Pequisas.
Tentei pesquisar quem solicitou a pesquisa mas não obtive êxito. Lamentável que o próprio Jec nunca tenha feito algo nesse sentido e nem mesmo pesquisado os torcedores que vão aos jogos.
Foi comentada em jornais e outros blogs, o que é muito bom. Mas, caso essa pesquisa caia nas mãos da diretoria do Joinville Esporte Clube (tomara), seus membros não poderão apenas comentá-la.
Não medindo, não se controla. Sem controle não se gerencia.
Uma pesquisa é uma medição de algo. É uma ferramenta poderosíssima que permite deixar o achismo da subjetividade de lado para se basear em algo concreto.
Não se utilizar destes dados fará com que o clube perca oportunidades e dinheiro pelos próximos dez a vinte anos. É preciso planejar em cima disto.

Conforme podemos ver na tabela acima o Jec tem a maior torcida de Joinville, mas está tecnicamente empatado com o Flamengo/RJ pois a pesquisa tem margem de erro de 4% para mais ou menos.
Acredito que este não seja o dado mais importante desta pergunta da pesquisa, mas sim o mercado disponível para crescimento de torcida na cidade já que mais de um terço da terra dos príncipes não torce para ninguém. Então, deve-se realizar um trabalho de marketing voltado a estes possíveis torcedores consumidores. É aí que esta pesquisa mostra sua valia.
Deixemos de lado o fanatismo e não questionemos a validade da pesquisa. Os números mostram a realidade, e normalmente a realidade não agrada. Por isso a maioria se esconde da realidade, mas se a enfrentarmos e trabalharmos para melhorar esse quadro a nosso favor, seremos um clube muito mais forte!
Quanto deste um terço gosta ou não gosta de futebol? Quanto poderia vir a frequentar os eventos (jogos)?
Estas duas perguntas faltaram, mas houveram outros três pontos: sexo, escolaridade e faixa etária.
A torcida do Jec é muito masculina, 23% contra quase 10% de mulheres. Mais trabalho para o marketing. O que pode ser feito para atrair mais mulheres?
A escolaridade da torcida jequeana é em sua maioria de nível superior e em minoria de ensino fundamental, o que é bom em termos de poder de consumo e em termos de que são pessoas teoricamente bem capacitadas a influenciar na gestão do clube.
No que tange a faixa etária ficamos em terceiro lugar atrás de Flamengo/RJ e Corinthians/SP nos torcedores de 16 a 24 anos de idade. Na torcida de 25 a 44 anos ficamos apenas atrás de Flamengo/RJ. Acima de 45 anos de idade reinamos.
Este é o dado mais importante desta pesquisa na minha opinião. É importante fazermos um bom trabalho nesta faixa etária, pois senão daqui a 10 ou 20 anos nosso futuro pode ser sombrio. O número de sócios pode baixar e hoje nossa maior renda poderá ser a pior. É preciso executar ações rápidas voltadas a este público. E o poço pode ser ainda mais fundo, pois estes torcedores hoje jovens já têm ou começarão a ter filhos em breve e os educarão a torcer para outros times que não o nosso glorioso tricolor. Estamos a perigo de diminuir nossa torcida no futuro e até nos tornarmos um novo gualicho com uma torcida basicamente de idosos.




É fato que esta torcida entre 16 e 24 anos é muito suscetível a estímulos externos e muda de opinião constantemente até realmente criar uma personalidade própria. São pessoas muito influenciadas por modismos e é aí onde penso que se deva trabalhar. O Jec precisa virar moda.
Na série C de 2011 o Jec virou moda mas não se soube como explorar e prolongar este momento. É preciso ter um time vencedor para ser modinha, mas ao mesmo tempo trabalhar forte no marketing para atrair e - mais importante - fidelizar estes novos consumidores torcedores.